Eu sempre fui uma gorda muito ativa. Desde pequena, fui dessas que praticou todos os esportes e fez todas as modalidades de ginástica possíveis, por prazer mesmo. Já dancei ballet, dança contemporânea, fiz anos de teatro, natação durante anos e anos, joguei muita bola (minha favorita de todas) e era sempre uma das primeiras a ser escolhida na educação física. Mesmo gorda, sempre tive fôlego para praticar qualquer uma dessas e outras modalidades que já passaram na minha vida e na minha rotina.
Conforme fui crescendo e entrando na adolescência, comecei a frequentar academia para fazer musculação. Como toda boa gorda, conheci o mundo das dietas e exercícios milagrosos nessa época da vida. Fiz de tudo para me enquadrar no padrão social e tentar ser magra durante essa fase. Passei por todas as academias do meu bairro. Fui bem recebida em poucas, confesso. Na maior parte delas o primeiro contato era impecável e, assim que eu me matriculava, me tornava imediatamente a gorda esquecida na esteira. Foram poucos os profissionais que esbarrei no meio do caminho que realmente estavam interessados em me trazer algum tipo de bem estar e de saúde, a maioria só queria o dinheiro da gorda que ia pra academia mesmo.
Quando tudo mudou?
Os anos foram passando e entrei no meu processo de autoconhecimento e de me descobrir mulher, adulta. Vi o quanto esse padrão social de se tornar magra a qualquer custo me fez mal e acabou com minha saúde muito mais do que um hambúrguer. Isso porque atingiu diretamente minha saúde física e mental. Foi ai que resolvi dar um basta nessa porqueira que havia se tornado minha rotina de tentar ser magra para ser uma gorda livre, que quer apenas manter sua saúde independente dos padrões impostos. Foi fácil? Não. Esse processo não acontece de uma hora pra outra. Quando a gente vive 19, 20 anos da nossa vida acreditando piamente que não nos enquadramos no padrão, não há como exigir que no dia seguinte que caiamos na real, a gente já comece o processo de se amar incondicionalmente e esquecer tudo que passamos.
Esse processo exige tempo, dedicação e muita reflexão. Depois de entender um pouco mais dos meus limites e respeitar meu corpo, fiz o possível e o impossível para retomar minha rotina de cuidados com ele. Trazer aquela questão de manter a saúde em dia para a realidade, não apenas fingindo buscar saúde mas me agredindo com dietas restritivas e exercícios mal feitos. Procurei uma academia pra me matricular e levar a musculação e a dança como aliados, não inimigos. Pra minha surpresa essa foi uma tarefa difícil. 10 em cada 10 unidades que entrei incitavam sobre emagrecimento e já tinham estipuladas algumas atividades só para emagrecer. E quem disse que eu queria emagrecer?
Mas por que a gorda na academia incomoda tanto?
É engraçado esse estereótipo de que toda gorda fazendo atividade física busca o emagrecimento. Que toda gorda comendo salada está de dieta. A gente nunca tem liberdade para comer o que a gente quer ou fazer o que a gente quer. Se comemos pizza, ouvimos “Há lá! Tá gorda porque come muito.” Se comemos salada ouvimos “Há lá! Gorda fazendo dieta não pode comer nada.” Um saco esse julgamento alheio. Perdi as contas de quantas academias eu fui que já me falaram sobre remédios manipulados para melhorar meu metabolismo (oi?) para queimar mais calorias.
“Mas Ana, é errado querer emagrecer? Ir na academia para emagrecer? Fazer dieta para emagrecer?”
Não, amiga! Não é nada errado não se sentir bem consigo mesma e buscar mudar o nosso corpo ou outro ponto que nos incomoda. Mas quando essa busca incessante pela perfeição envolve o que os outros vão pensar ou o que os outros dizem sobre você, ai o buraco é mais embaixo. Se você não está satisfeita com seu corpo e quer mudar por si mesma? Se joga! Busque uma academia com profissionais que vão te ajudar nesse seu objetivo e respeite seu tempo e seu corpo.
Não faça nenhuma dieta ou exercício que prometa milagres, eles não funcionam e só vão servir pra te deixar frustrada. Agora, se você não tem o objetivo de emagrecer, assim como eu, e quer se manter saudável, se joga também! Ignore qualquer tipo de comentário contrário a isso. Encontre um exercício que te faça feliz e que te deixe pra cima. E lembre-se, você não é obrigada a nada!
Ok, entendi. E o que faço agora?
Hoje eu encaro a musculação como algo positivo, que fortalece meu corpo e me mantém saudável, mesmo gorda. Deixei de lado todos os comentários que já ouvi sobre ficar na esteira por horas a fio para perder peso, fazer exercícios em jejum para queimar mais. Nada disso nunca funcionou pra mim, mesmo na época cujo objetivo era emagrecer a qualquer custo. Encaro minha aula de dança como um momento de prazer, onde movimento cada músculo do meu corpo e me sinto livre. Gosto de caminhar, correr, jogar bola, mesmo fazendo esse tipo de atividade com menos frequência do que antes. O mais importante que aprendi nesse período todo foi o respeito ao meu corpo e aos limites dele.
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E aí, gostaram dessa reflexão sobre gorda na academia? Comentem abaixo!