autoestima

Relação entre autoestima e virgindade

04 jun 2017 • por Aretha Soyombo • 63 Comentários

Muito do que eu escrevo, pra não dizer tudo, é baseado no que eu vivo e nas minhas conversas com as minhas amigas e colegas. Essa semana uma amiga minha de 17 anos, vamos chama-la de Catarina, me mandou uma mensagem no WhatsApp assim: “amiga, com quantos anos você perdeu o seu V card?”.  Eu, com 21 anos, me considerava bem jovem, mas me senti uma anciã por não saber o significado dessa expressão. A primeira coisa que me veio a cabeça foi “Green Card”, nada a ver né, mas enfim, segue o baile. Eu perguntei o que seria isso e minha amiga me explicou prontamente que V card é virgindade. Inclusive, amei essa expressão, passei a aderir.

A virgindade da mulher ainda é uma coisa que apesar de todo avanço social continua sendo muito superestimada na sociedade. Ainda vivemos numa sociedade patriarcal que encara isso como um tabu. Até a maneira como falamos disso é meio pesarosa. Porque PERDEU A VIRGINDADE? Em linhas gerais é como se perdêssemos algo, como se não valêssemos mais nada. Um hímen te faz sentir maior ou menor, caso você ainda tenha ou não?

Enfim, no meio da conversa ela me disse que com 17 anos ela se sentia completamente tapada e uma “virjona” porque ela nunca tinha transado com nenhum cara. Me disse que todas as amigas dela já tinham perdido o tal do card da virgindade e ela não e  não sabia mais o que fazer. Às vezes ela realmente parava pra pensar e ficava mal com tudo isso. Conforme ela foi me falando eu fiquei tipo: “AMIGA, MEU DEUS DO CÉU, VOCÊ SÓ TEM 17 ANOS. EU DEI MEU PRIMEIRO BEIJO COM 17 ANOS, VAI COM CALMA NENEM”.

Ao mesmo tempo que eu fui falando com ela, fui dando meus conselhos e me sentindo meio hipócrita com tudo que eu dizia, uma vez que eu mesma já me senti muito pressionada pra perder o tal V card. Onde já se viu? Eu entrei na faculdade com a idade atual da minha amiga, e todo mundo ficava chocado quando eu dizia que era virgem.

Ao mesmo tempo que eu, Aretha Soyombo, sabia o que eu queria pra minha vida, eu me sentia pressionada. Me sentia uma retardada por já ter idade suficiente pra ter feito sexo e ainda não ter feito. Muitas das minhas amigas  ainda falavam coisas do tipo “Ah Aretha, esse ano vai!!” “Ah Aretha, você ficou com tal menino porque não foi pra cama com ele? Ele era um gato” Mas gente… Simplesmente porque eu não queria. Simplesmente porque eu não me senti tão a vontade com ele assim.

Tudo que eu conversei com a Catarina foi que ela não deveria se comparar de jeito nenhum com as colegas dela. Se as meninas não eram virgens e lidavam bem com isso: ótimo! De verdade eu acho ótimo. Mas será que minha amiga queria perder a virgindade só por perder e se adequar 100% ao bonde dela ou ela realmente achava que a hora dela tinha chegado? Tudo que perguntei pra ela foi se ela tava bem com ela mesma quanto a isso. E se ela tinha certeza do que ela queria. Ela me disse que se fosse só para perder, ela já teria perdido, mas não se sentia confortável com nenhum cara que ficava.

Uma coisa que eu percebo muito entre as meninas de hoje em dia é que muitas sentem vergonha de serem virgens porque elas têm um pensamento do tipo “o que os meus amigos vão pensar de mim?”ou “o que seráque o cara que eu tô ficando vai pensar de mim?”. Tem umas que até fingem que não são virgens para não serem julgadas.  E ai acontece que elas pensam em todo mundo, mas não pensam, antes de qualquer coisa, nelas mesmas. Antes de tudo eu acho que o importante pra perder o tal do “V card” (eu amei real essa expressão, socorro) a gente precisa se conhecer. Não só fisicamente falando, mas principalmente, emocionalmente falando.

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Se a Catarina for o tipo de mulher que quer perder a virgindade com qualquer pessoa só pra não ter mais esse peso de virgem em cima dela, perante às amigas e perante à sociedade como um todo e ela vai lidar bem com isso,  não vai sofrer se ele/ela não ligar no dia seguinte ou não mandar mensagem ou simplesmente for um (a) babaca, ótimo. Só vai. Mas se ela for o tipo que prefere esperar? Não necessariamente o casamento, mas esperar um namorado (a), ou uma pessoa legal de confiança, ou até o momento que ela tiver uma estabilidade emocional, ela deve esperar o momento DELA.

A Catarina, e milhares de outras meninas nessa posição, deve antes de tudo estar bem com ela mesma. Achar que isso deve acontecer QUANDO ELA sentir vontade que isso aconteça. Se não houver riscos de um estrago emocional, se joga e faça o que tiver vontade. Caso contrario, espere o SEU momento. Não o momento das suas amigas, muito menos o momento de quem está se relacionando com você. Até porque, a nossa relação entre autoestima e virgindade é bem forte e merece um carinho especial.

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